Esses dias eu fiquei bem puta da minha vida quando um grupo de trabalho agendou uma call e, das oitos pessoas confirmadas, duas apareceram. Eu reagi agressivamente: “Vocês devem achar que o tempo e afazeres de vocês são mais importantes que os meus, né? Puta falta de respeito!” E eu não escrevi “Vão se ferrar”, mas eu pensei! (E senti e bufei por algum tempo aqui em casa)
No mundo que a gente está acostumado, alguém poderia dizer que eu não guardei a raiva, e sim, expressei. Eu também achava. Até terminar de ler o livro sobre Comunicação Não Violenta do Marshall Rosenberg e descobrir que eu, na verdade, expressei um julgamento e, veja bem, de forma violenta.
Eu nem me culpo por ter feito isso porque parece que o mundo opera assim e assim eu vi e reproduzi até hoje. Mas agora eu aprendi que há uma forma melhor, não só de me expressar, mas de me conectar com o que eu estou sentindo. Na minha terra, se diria que é a técnica de dar nome aos bois.
Em vez de analisar e julgar um comportamento alheio, achando que é um sentimento que estou descrevendo, eu deveria dizer exatamente o nome da emoção. Ou seja, em vez de “Puta falta de respeito“, eu deveria dizer “Estou sentindo muita raiva.” Veja… Se eu tivesse dito “Me sinto desrespeitada” também indicaria um julgamento, uma interpretação de que o fato foi deliberadamente contra mim, o que já indica também um vitimismo meu aí, hein. Voltando…
Quando eu identifico a emoção, eu identifico uma necessidade desassistida. Isso eu já contei pra vocês por aqui – toda emoção negativa indica que alguma necessidade nossa não foi ou não está sendo atendida. Nesse caso, identifiquei necessidades de aceitação, de confiança, de comunidade… (A lista de necessidades humanas universais é enorme. Tenho achado mais difícil identificar a necessidade do que identificar a emoção, viu, mas vamos lá porque tudo é questão de treino.)
Sabendo emoção e necessidade, eu consigo expressar-me de forma clara, não agressiva, sem promover o seguimento de um diálogo violento. E, melhor, consigo fazer pedidos assertivos, porque eu posso pedir exatamente por aquilo de que eu necessito. De novo, no exemplo, ficaria assim: eu estou sentindo raiva porque preciso poder confiar, sentir que faço parte de uma comunidade e sou aceita, então, por favor, cumpram com os compromissos firmados comigo. Assim, bem clara, assertiva e butitinha.
Pronto. Livro lido, treino em curso. A expectativa é de melhorar minha comunicação (espero ter incentivado vocês a lerem e praticarem também). Ah, se marquei outra call com esse grupo? Lógico que não! Eu quero ser melhor, mas… Ainda estou no caminho. E tá tudo bem.