Logo no começo da minha Pós em Psicologia Positiva e Ciência do Bem Estar, há dois anos, tive uma sequência de aulas maravilhosas com o sociólogo e psicólogo americano, Corey Keyes. Foi com ele que entendi que não ter um transtorno psicológico não é o mesmo que ter saúde mental.

Acho que isso está bem ilustrado nas respostas mais comuns que temos usado nesse um ano e meio de pandemia quando os amigos nos perguntam como estamos. No geral, sai um “é… estou com saúde… não posso reclamar”

Sentir que não podemos reclamar, diante de tudo o que está acontecendo, não é o mesmo que afirmar que estamos bem. Até porque, nós estamos, mesmo, é sobrevivendo. Nós estamos no zero, à espera, no limbo, no ponto morto, à deriva. É um mix de sentimentos, um estado emocional de vazio, chamado por Keyes, 20 anos atrás, de “languishing” e que nunca foi tão atual. 

O risco disso é que pessoas nesse estado têm mais chances de adoecer. Por isso a grande preocupação com a chamada quarta onda da pandemia, que seria uma de aumento de transtornos psicológicos.

Eu acho que meio que já vivíamos assim antes, mas estávamos distraídos. Taí o sextou que não me deixa mentir. Já éramos uma massa de pessoas que respondiam “estou indo”. Mas agora está muito mais intenso e evidente porque, afinal, o sextou é igual ao segundou. 

Seja para essa fase de pandemia, que parece interminável, mas tenho fé, vai passar; seja para depois, é importante termos claro que não estar triste não é igual a estar feliz. Se você não está com um transtorno mental diagnosticado, mas também não se sente satisfeita com a vida, você pode estar “languishing” e pode estar assim desde bem antes da pandemia, e isso pode, sim, te levar a adoecer.

Mas saiba que, embora vá exigir uma certa dose de esforço para sair dessa inércia, é totalmente possível treinar novas formas de pensar e de se comportar que te tirem desse estado e te levem a “florescer” que, aí, sim, disse Keyes, é a descrição de saúde mental. Talvez não dê ainda pra fazer tudo, mas dá para fazer adaptações e, em vez de encarar as incertezas de prazos maiores, trabalhar com o hoje e com os recursos disponíveis e com… adivinha a indicação dos pesquisadores? Autocompaixão!!! 

Assim, você preserva a sua saúde mental agora e se certifica de que estará bem para abraçar todas as oportunidades que a vida te apresentar quando tudo isso passar. Isso, sim, é um belo dum projeto verão, acham não? Me conta aqui nos comentários se você anda se sentindo “languishing” e como tem lidado com isso. 

Vai cuidar da sua saúde mental #vaiserfeliz


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